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domingo, 20 de maio de 2012

A Bíblia de Mary Jones


A história de determinação e humildade de uma menina que inspirou a criação das Sociedades Bíblicas em todo o mundo, que têm como lema "levar a Palavra de Deus a todos os povos"
Por Carlos Gutemberg
carlos.gutemberg@arcauniversal.com

A determinação de uma menina do País de Gales (Grã-Bretanha), no século 18, que lutou para conseguir um exemplar da Bíblia Sagrada, serviu de inspiração para a fundação da primeira Sociedade Bíblica no mundo. A história de coragem e humildade de Mary Jones fez ainda a entidade adotar como lema: “levar a Palavra de Deus a todos os povos, em uma língua que possam entender e a um preço que possam pagar”.
Em 1792, aos 8 anos de idade, a pequena Mary começou a alimentar um sonho: ter a sua própria Bíblia. Ela tinha o desejo de ler aquelas histórias tão bonitas, que costumava ouvir na igreja, no conforto do seu lar. Satisfazer essa vontade da menina, no entanto, parecia algo impossível de ser feito.
Naquele tempo, as Bíblias ou quaisquer outros livros eram muito raros e caros. Apenas pessoas privilegiadas possuíam exemplares das Escrituras Sagradas.
A menina morava em uma pequena vila chamada Alan, e pela falta de estrutura local ainda não sabia ler, pois não havia escolas nas redondezas. Mesmo pertencendo a uma família humilde, ela fez uma promessa a si mesma: um dia, ela teria a sua própria Bíblia.
Aprendendo a ler
Aos 10 anos de idade, Mary teve a oportunidade de aprender a ler. Seu pai passou a vender tecidos numa vila próxima, chamada Aber, e soube que lá seria aberta uma escola primária.
Assim que a escola começou a funcionar, a garota foi uma das primeiras crianças a se matricular. Sempre motivada, ela logo se tornou uma das primeiras alunas de sua classe, aprendendo a ler em pouquíssimo tempo.
O propósito dela de conseguir uma Bíblia continuava firme. O empecilho de não saber ler já não existia mais, mas a grande dificuldade ainda era conseguir o valor necessário para comprá-la.
Trabalhando pelo sonho
Durante muito tempo, ela fez pequenos trabalhos, com os quais ganhava alguns trocados que ia juntando. Pegava lenha na mata para pessoas idosas, cuidava de crianças e comprou algumas galinhas, com a intenção de ganhar um pouco mais, passando a vender ovos.
Depois de economizar durante um ano, Mary abriu o cofre para conferir o quanto havia guardado. Porém, teve uma grande decepção: conseguiu economizar apenas uma pequena parte do que precisava para comprar a sua Bíblia.
Durante mais doze meses, ela continuou perseverando. Aprendeu a costurar e, com isso, levantou um valor um pouco maior, mas que não foi o suficiente para concretizar o seu sonho.
Imprevisto no meio do caminho
Um imprevisto no decorrer do terceiro ano de trabalho da menina atrapalhou ainda mais o seu objetivo. O pai dela ficou doente e deixou de trabalhar, o que a obrigou a usar tudo o que havia economizado no sustento de sua casa, sem poder guardar nada no cofre durante esse período.
Finalmente, ao final de quatro anos de trabalho, Mary conseguiu completar a quantia necessária para aquisição da sua tão sonhada Bíblia Sagrada. Nessa época, ela tinha 15 anos de idade.
Mesmo com o dinheiro em mãos, as dificuldades para concretizar o sonho da menina continuavam. Dessa vez, o problema era onde encontrar um exemplar para aquisição. Ela foi informada pelo pastor de sua igreja que não era possível comprar Bíblias em Alan, nem nas vilas vizinhas, mas somente cidade de Bala, que ficava a 40 quilômetros dali.
Animada com a notícia, ela foi correndo para casa e pediu a seus pais que a deixassem ir até o local. Inicialmente, eles não queriam que ela fosse sozinha, mas a mocinha insistiu tanto, até que os pais acabaram concordando.
Longa caminhada, de pés descalços
A longa e cansativa viagem de Mary Jones foi feita a pé. Para poupar seus sapatos na dura caminhada, ela resolveu ir descalça. Após andar um dia inteiro, ela chegou à casa do Reverendo Thomas Charles, onde era possível comprar exemplares da Bíblia.
Todavia, uma nova dificuldade surpreendeu Mary: o Reverendo havia vendido todas as suas Bíblias e os poucos exemplares existentes ali já estavam todos encomendados.
Diante da noticia, a menina caiu em prantos. Após se acalmar, contou toda sua longa história ao dono da loja. Comovido, ele dirigiu-se até um armário, retirou de lá uma das Bíblias vendidas e ofereceu a Mary.
Nascimento das Sociedades Bíblicas
Impressionado com a história da garotinha, o reverendo resolveu contar o que tinha ouvido a uma entidade Cristã local, os diretores da Sociedade de Folhetos Religiosos. Muito tocados com a luta de Mary Jones para conseguir seu exemplar da Bíblia, eles chegaram à conclusão de que experiências como a dela não deveriam mais se repetir.
Foi aí que os diretores decidiram, então, fazer alguma coisa para tornar a palavra de Deus acessível a todos. Após muitos estudos e oração, resolveram organizar uma nova sociedade, com a finalidade de traduzir, imprimir e distribuir a Bíblia.
Dessa forma, no dia 7 de dezembro de 1802, foi fundada a primeira sociedade Bíblica, que recebeu o nome de Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

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